12/05/2025

Esclerose Múltipla: O que é, sintomas e tratamento

Por Dr Emerson Milhorin

A esclerose múltipla (EM) é uma doença neurológica crônica, autoimune e inflamatória que afeta o sistema nervoso central (cérebro e medula espinhal). Na EM, o próprio sistema imunológico ataca a mielina, a camada protetora que reveste as fibras nervosas, comprometendo a comunicação entre o cérebro e o restante do corpo.

Com o tempo, essa deterioração pode causar lesões permanentes no cérebro e/ou na medula, levando a diferentes graus de incapacidade funcional.

Os sintomas da EM podem variar bastante entre os indivíduos, dependendo da localização e da gravidade das lesões no sistema nervoso. Entre os sinais mais comuns estão:

  • Fadiga intensa e persistente;
  • Alterações visuais (visão embaçada, visão dupla ou neurite óptica);
  • Formigamentos ou dormências em braços, pernas ou rosto;
  • Fraqueza muscular localizada em alguma parte do corpo;
  • Alterações no equilíbrio e na coordenação motora;
  • Espasmos musculares e rigidez;
  • Dificuldades cognitivas (problemas de memória e atenção);
    Alterações no humor, como depressão e ansiedade;
  • Disfunções urinárias e intestinais;

Os sintomas podem surgir em surtos (episódios de piora) seguidos de períodos de remissão parcial ou total, ou podem ter progressão lenta e contínua, dependendo do tipo de esclerose múltipla.

Tipos de esclerose múltipla

Existem diferentes formas clínicas da doença:

  • Esclerose Múltipla Remitente-Recorrente (EMRR): forma mais comum, caracterizada por surtos intercalados com períodos de recuperação.
  • Esclerose Múltipla Secundária Progressiva (EMSP): evolução da EMRR, com progressão contínua dos sintomas ao longo do tempo.
  • Esclerose Múltipla Primária Progressiva (EMPP): forma em que há progressão gradual desde o início, sem surtos definidos.
  • Esclerose Múltipla Progressiva-Recorrente (EMPR): forma rara, com progressão contínua combinada a surtos agudos.

Diagnóstico

O diagnóstico da esclerose múltipla é clínico e complementado por exames de imagem, como a ressonância magnética, que identifica lesões típicas no cérebro e na medula espinhal. Exames laboratoriais do líquido cefalorraquidiano (punção lombar) e testes neurológicos específicos também são utilizados para excluir outras condições.

O diagnóstico precoce é fundamental para iniciar o tratamento e reduzir o risco de progressão da doença.

Tratamento

A esclerose múltipla ainda não tem cura, mas existem tratamentos que controlam a atividade da doença, reduzem a frequência dos surtos e retardam a progressão.

As abordagens terapêuticas incluem:

  • Terapias modificadoras da doença (TMDs): medicamentos imunomoduladores ou imunossupressores que atuam no sistema imunológico.
  • Tratamento de surtos: uso de corticosteroides para reduzir a inflamação e acelerar a recuperação dos episódios agudos.
  • Terapias de reabilitação: fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia e suporte psicológico, com foco na manutenção da função e qualidade de vida.

O acompanhamento multidisciplinar é essencial para um manejo eficaz da esclerose múltipla.

Curiosidades e dados informativos

  • A esclerose múltipla atinge aproximadamente 2,8 milhões de pessoas no mundo, segundo dados da Federação Internacional de Esclerose Múltipla (MSIF).
  • As mulheres são cerca de duas a três vezes mais afetadas do que os homens.
  • A maioria dos diagnósticos ocorre entre 20 e 40 anos de idade, mas a doença também pode se manifestar em crianças ou em adultos mais velhos.
  • Os avanços nas opções de tratamento nos últimos 20 anos transformaram o prognóstico da esclerose múltipla, possibilitando uma vida ativa e de qualidade para muitos pacientes.

A esclerose múltipla é uma condição desafiadora, mas hoje existem recursos eficazes para seu controle. O diagnóstico precoce, o tratamento adequado e o acompanhamento contínuo são fundamentais para preservar a qualidade de vida e promover a autonomia dos pacientes.

A informação é uma importante aliada na jornada de conscientização e enfrentamento da doença.