Epilepsia Refratária: a dieta cetogênica pode ser uma solução?

A epilepsia refratária é uma condição em que as crises epilépticas não respondem adequadamente ao tratamento com dois ou mais medicamentos antiepilépticos, usados nas doses corretas. Essa situação afeta cerca de 25% das pessoas com epilepsia, trazendo desafios importantes para pacientes e suas famílias.
Nos últimos anos, uma abordagem alimentar tem ganhado destaque como alternativa terapêutica: a dieta cetogênica . Mas como essa dieta funciona e por que ela pode ser eficaz para crianças com epilepsia refratária?
O que é a dieta cetogênica?
A dieta cetogênica é um plano alimentar que consiste em alta ingestão de gorduras, consumo moderado de proteínas e baixa ingestão de carboidratos. Esse padrão força o organismo a entrar em um estado metabólico chamado cetose , no qual o corpo passa a utilizar corpos cetônicos como principal fonte de energia, em vez de glicose.
No contexto da epilepsia, acredita-se que os corpos cetônicos proporcionam um efeito estabilizador nas células cerebrais, ajudando a reduzir a excitabilidade neuronal que leva às crises.
Benefícios da dieta cetogênica para Epilepsia Refratária
Estudos clínicos indicam que a dieta cetogênica pode ser eficaz para crianças com epilepsia refratária:
- Redução das crises: Cerca de 50% das crianças submetidas à dieta cetogênica apresentam uma redução de 50% ou mais na frequência das crises.
- Remissão total das crises: Em alguns casos, as crianças alcançam a remissão completa das crises enquanto seguem a dieta.
- Melhoria da qualidade de vida: Com menos crises, muitos pacientes experimentam melhorias em aspectos cognitivos, emocionais e sociais.
Quando a dieta cetogênica é indicada?
A dieta cetogênica é geralmente recomendada para pacientes com epilepsia refratária, especialmente quando:
- Os medicamentos antiepilépticos não têm sido eficazes.
- As crises comprometem gravemente a qualidade de vida do paciente.
- Há uma avaliação médica que confirma o potencial benefício da dieta no caso específico do paciente.
Riscos e cuidados
Embora promissora, a dieta cetogênica não é isenta de riscos. Pode haver efeitos colaterais, como:
- Deficiências nutricionais.
- Problemas gastrointestinais.
- Alterações nos níveis de colesterol.
Por isso, uma dieta deve ser iniciada e monitorada por uma equipe de profissionais de saúde, incluindo neurologistas e nutricionistas especializados.
Evidências científicas
Um estudo publicado na revista Epilepsia destacou que, entre 145 crianças avaliadas, mais de 50% reduziram significativamente as crises com a dieta cetogênica. Em muitos casos, os benefícios foram mantidos mesmo após a transição para uma dieta menos restritiva.
Como começar?
Se você é responsável por uma criança com epilepsia refratária, conversar com um especialista é o primeiro passo. Cada caso é único e exige uma avaliação cuidadosa para determinar se a dieta cetogênica é a melhor opção.
A dieta cetogênica oferece uma nova esperança para famílias que enfrentam o desafio da epilepsia refratária. Com resultados promissores em diversos estudos, essa abordagem alimentar pode ser um complemento significativo ao tratamento, desde que fornecido com supervisão adequada.
📚 Referência:
Kossoff, EH, et al. (2009). Dieta cetogênica: mecanismos de ação e controle de convulsões na epilepsia . Epilepsia.