16/08/2022

A luta contra seus próprios músculos: conheça a Distonia

Por Dr Emerson Milhorin

Esse distúrbio do movimento faz com que o músculo se contraia de forma involuntária, repetitiva, intermitente ou provocada

Contrações musculares involuntárias que dificultam a sua rotina, super dolorosas e que não deixam você endireitar a sua postura: essa descrição conta um pouco sobre o dia a dia de uma pessoa com Distonia. Você já ouviu falar dessa condição neurológica?

Entendendo o que é a Distonia 

A Distonia é um distúrbio do movimento no qual o músculo, ou um grupo deles, se contrai de maneira involuntária e repetitiva. Podem ser muito dolorosas e dificultar movimentos básicos da rotina do paciente. A sensação é bem semelhante à de uma cãibra. O distúrbio pode acontecer em um local do corpo ou de maneira generalizada.

A ciência já identificou que a distonia acontece por uma falha na comunicação entre as células musculares e os circuitos cerebrais controladores do movimento. Para que nosso corpo consiga contrair um músculo, o cérebro precisa inibir os outros de se moverem ao mesmo tempo, já que eles não participam desse movimento que queremos fazer. É dessa forma que, na tentativa de mexer um músculo, outros se mexem também de maneira anormal levando às torções, tão comuns em pacientes distônicos. 

Como identificar a doença?

Os primeiros sinais da doença geralmente aparecem em uma região do corpo, podendo ser pescoço, rosto, cordas vocais, braços ou pernas. A partir daí, eles podem se dispersar para outros locais. A distonia pode ocorrer concomitantemente ao movimento voluntário, ou mesmo piorar. 

Existem alguns tipos de distonia que ocorrem nas mãos durante a escrita e nos pés durante a caminhada. Popularmente chamadas de “cãibra do escrivão”, recentemente passou a ser chamada de distonia de tarefa-específica. 

Assim como diversas outras doenças, a distonia piora quando nossa saúde emocional está abalada com agravamento de fases de estresse e fadiga. Durante o sono e o repouso, o paciente tem uma folga. 

Tipos de distonia

São dois tipos de distonia:

> Primária: esse tipo acontece quando é a única característica clínica e não está relacionada a nenhuma outra doença. Acredita-se que alterações genéticas estejam conectadas à causa da distonia primária;

> Secundária: já o tipo secundário é ligado à outra doença ou tem outras causas possíveis. Pode ser resultado do uso contínuo de medicações psicotrópicas ou psico-estimulantes, ou de doenças que alteram a estrutura do sistema nervoso como AVC’s (acidentes vasculares cerebrais), sequelas de infecções, lesões no sistema nervoso ou sintoma de distúrbios neurológicos como a Doença de Parkinson.

Existe cura?

Não, mas avaliando-se cada caso, o neurologista especialista em distúrbios do movimento indica o melhor tratamento que pode ser medicamentoso, aplicação de toxina botulínica ou estimulação cerebral profunda. 

Fique atento ao sinal de qualquer desconforto e sempre procure ajuda médica!