Razão x Emoção

É possível controlar totalmente nossas emoções?

Muitos de nós cresceram ouvindo dos pais, professores, familiares, treinadores e outras pessoas: “você tem que controlar suas emoções!!” Alguém aí se identifica com essa afirmação?

Pois bem. O que poucos sabem é que as áreas do cérebro responsáveis pela razão, além da análise de uma situação, planejamento, escolhas, autocontrole, cuidado, censura, etc, estão situadas nas regiões frontais, nos lobos frontais. Essas áreas nós “comandamos”! Por outro lado, as emoções e as nossas respostas a elas “nascem” em áreas mais profundas e, de certa forma, mais primitivas do nosso cérebro, em um conjunto de estruturas chamado Sistema Límbico.

As respostas emocionais dependem fundamentalmente de equilíbrio químico, hormonal, dessas áreas do cérebro. Além disso as emoções são fortemente influenciadas pela bagagem psicológica adquirida ao longo da vida, pela criação, pelas experiências vividas e pelos hábitos, o que em grande parte reside em nosso inconsciente.

O grande filósofo racionalista francês, René Descartes, cunhou a famosa expressão: “Penso, logo existo.” Muito bem, mas do ponto de vista neuropsiquiátrico, a frase ideal seria: Sinto, reajo, depois penso. Vamos entender o porquê dessa minha afirmação.

As áreas do sistema límbico, notadamente as amígdalas cerebrais, percebem imediatamente qualquer sensação de perigo, ameaça ou risco, e já deflagram uma reação. Isso acontece, muitas vezes, em centésimos de segundo, ANTES que possamos controlar ou pensar em como devemos reagir. Podemos ter um ótimo equilíbrio entre as áreas de razão e de emoção sem dúvida, mas jamais um controle absoluto.

Um bom exemplo ocorre nas crises de ansiedade e, em sua forma mais violenta, nas crises de pânico. Não há como segurar! Antes que a gente tente racionalizar e controlar o que estamos sentindo, o sistema límbico já enviou impulsos elétricos através dos nervos para as glândulas suprarrenais e para outros órgãos. Com isso haverá descargas de adrenalina e cortisol, com a geração de taquicardia, sudorese, falta de ar, medo intenso, tonturas, formigamentos, tremores, tudo isso acontecendo de uma forma

incontrolável, por vários minutos.   

Mas, então, como podemos fazer para obter um equilíbrio?  

O ideal é manter um ritmo de vida saudável, trabalhando muito, mas sem excesso, evitando preocupações excessivas, evitando se envolver em problemas de outras pessoas, praticando atividades físicas, tendo momentos de lazer e descanso adequado.

A Terapia Psicológica é de imensa valia para ajudar a manter esse equilíbrio. Todavia, em diversos casos, precisamos utilizar medicamentos que ajudam a reequilibrar quimicamente a relação entre razão e emoção, através do aumento da disponibilidade de Serotonina nas conexões cerebrais, as sinapses. Atualmente os tratamentos medicamentosos são leves e bastante eficazes, propiciando resultados excelentes e alívio rápido e duradouro, enquanto o paciente se reestrutura psicologicamente. Tais remédios podem ser utilizados por longos períodos, sem que haja qualquer dano ou problema algum a longo prazo.  

Espero que tenham gostado. Caso você se identifique, procure seu neurologista de confiança!!!

Dr. Emerson Milhorin – (34) 3312-0479