20/08/2020

AVC: Como identificar, diagnosticar e tratar

Por Dr Emerson Milhorin

O Acidente Vascular Cerebral (AVC), também conhecido como derrame cerebral, ocorre quando o suprimento de sangue para uma parte do cérebro é interrompido ou reduzido, privando as células cerebrais de oxigênio e nutrientes, o que pode causar danos cerebrais permanentes. Identificar rapidamente os sinais de um AVC e agir imediatamente é crucial para salvar vidas e reduzir as sequelas. 

O AVC pode ocorrer de maneira súbita, e a rapidez no reconhecimento dos sintomas é vital. A sigla S.A.M.U. pode ajudar a lembrar os principais sinais de alerta:

  1. S: Sorriso — Peça para a pessoa sorrir. Se um dos lados do rosto estiver caído ou assimétrico, pode ser sinal de um AVC.
  2. A: Abraço — Peça para a pessoa levantar os dois braços. Se ela não conseguir levantar um dos braços ou tiver fraqueza, isso pode indicar um AVC.
  3. M: Música (fala) — Peça para a pessoa dizer uma frase simples, como “O céu é azul”. Se a fala estiver arrastada ou confusa, pode ser um sintoma.
  4. U: Urgência — Se algum dos sinais acima estiver presente, busque ajuda médica imediatamente. Tempo é cérebro, ou seja, quanto mais rápido o atendimento, menores as sequelas.

Outros sintomas comuns de AVC incluem:

  • Fraqueza ou dormência súbita em um lado do corpo, geralmente no rosto, braço ou perna.
  • Dificuldade de visão, perda parcial ou total da visão em um ou ambos os olhos.
  • Confusão ou dificuldade para falar ou entender o que os outros estão dizendo.
  • Dor de cabeça intensa e repentina, sem causa aparente.
  • Dificuldade para andar, tontura, falta de coordenação ou equilíbrio.

Como diagnosticar um AVC? 

Quando uma pessoa apresenta sinais de AVC, o diagnóstico rápido é essencial para determinar o tipo de AVC (isquêmico ou hemorrágico) e iniciar o tratamento adequado. As principais etapas do diagnóstico incluem:

  1. Exame clínico: Os médicos realizarão uma avaliação física e neurológica para verificar sinais de AVC, como fraqueza muscular, dificuldade na fala e coordenação.
  2. Tomografia Computadorizada (TC): É um dos exames mais comuns e pode ajudar a identificar se o AVC é causado por um coágulo obstruindo a circulação sanguínea para parte do cérebro  (AVC isquêmico) ou por um sangramento no cérebro (AVC hemorrágico).
  3. Ressonância Magnética (RM): Fornece imagens mais detalhadas do cérebro, permitindo a identificação de áreas danificadas por AVC, mesmo que pequenas.
  4. Angiografia cerebral: Esse exame utiliza contraste e raios-X para visualizar os vasos sanguíneos no cérebro e detectar qualquer obstrução ou sangramento.
  5. Ultrassonografia Doppler: Avalia o fluxo de sangue nas artérias carótidas e vertebrais, que são importantes para o fornecimento de sangue ao cérebro, ajudando a identificar obstruções.
  6. Eletrocardiograma (ECG) e exames de sangue: São usados para avaliar o estado geral de saúde, identificar possíveis arritmias cardíacas (causas de AVC) e verificar a presença de fatores de risco, como colesterol alto ou diabetes.

Como tratar o AVC? 

O tratamento do AVC depende do tipo de AVC, da gravidade e da rapidez com que o paciente é atendido. Existem dois tipos principais de AVC, e cada um tem abordagens de tratamento distintas:

1. Tratamento do AVC Isquêmico

O AVC isquêmico é causado pela obstrução de um vaso sanguíneo no cérebro, geralmente por um coágulo. O objetivo do tratamento é restaurar o fluxo sanguíneo para o cérebro o mais rápido possível. As opções de tratamento incluem:

  • Medicamentos trombolíticos: Se administrados de emergência em até 4,5 horas após o início dos sintomas, medicamentos como o ativador do plasminogênio tecidual (tPA) podem dissolver o coágulo e restaurar o fluxo sanguíneo, minimizando os danos cerebrais.
  • Trombectomia mecânica: Procedimento cirúrgico realizado para remover mecanicamente o coágulo, especialmente em casos de grandes oclusões arteriais. É mais eficaz quando realizado até 24 horas após o início do AVC.
  • Medicamentos anticoagulantes e antiplaquetários: São usados para prevenir a formação de novos coágulos sanguíneos e impedir que o AVC ocorra novamente. O uso de aspirina é comum após o tratamento inicial.

2. Tratamento do AVC Hemorrágico

O AVC hemorrágico ocorre quando um vaso sanguíneo se rompe, causando sangramento no cérebro. O tratamento se concentra em controlar o sangramento e reduzir a pressão no cérebro. As opções incluem:

  • Cirurgia: Em alguns casos, a cirurgia pode ser necessária para drenar o sangue e aliviar a pressão no cérebro ou para reparar os vasos sanguíneos rompidos.
  • Medicamentos para controle da pressão arterial: Controlar a pressão arterial é crucial para evitar novos sangramentos e reduzir o risco de complicações.
  • Tratamento de aneurismas ou malformações: Se a causa do sangramento for um aneurisma ou malformação arteriovenosa, procedimentos como a embolização ou clipagem cirúrgica podem ser realizados para corrigir o problema.

Reabilitação após o AVC

Após o tratamento inicial, a reabilitação é fundamental para ajudar o paciente a recuperar suas habilidades funcionais. A reabilitação pode incluir:

  • Fisioterapia: Para melhorar a força, a coordenação e a mobilidade.
  • Terapia ocupacional: Focada em recuperar a capacidade de realizar tarefas diárias, como comer, vestir-se e cuidar de si mesmo.
  • Fonoaudiologia: Para ajudar com problemas de fala e deglutição.
  • Terapia psicológica e cognitiva: Para lidar com problemas emocionais, psicológicos ou de memória resultantes do AVC.

Prevenção do AVC

Prevenir o AVC é fundamental e pode ser alcançado através de mudanças no estilo de vida e monitoramento dos fatores de risco. Algumas estratégias eficazes incluem:

  • Alimentação saudável: Uma dieta rica em frutas, vegetais, grãos integrais e baixa em gorduras saturadas e sódio pode reduzir o risco.
  • Exercícios físicos regulares: Atividade física ajuda a manter a saúde cardiovascular e o controle de peso.
  • Controle da pressão arterial e diabetes: Monitorar e tratar essas condições é crucial para a prevenção.
  • Evitar o tabagismo: O fumo é um dos principais fatores de risco para o AVC.
  • Consumo moderado de álcool: Limitar a ingestão de álcool pode ajudar a reduzir o risco.

O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma condição médica grave que requer atenção imediata para minimizar danos ao cérebro e preservar a qualidade de vida. Reconhecer os sinais imediatamente e buscar ajuda médica pode salvar vidas e reduzir significativamente as sequelas. Além do tratamento emergencial, a reabilitação com fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional, desempenham um papel crucial no processo de recuperação, ajudando os pacientes a recuperar suas funções motoras, cognitivas e emocionais. Prevenir o AVC através de uma vida saudável, monitoramento de fatores de risco, como hipertensão e diabetes, e a busca por atendimento médico adequado são estratégias essenciais para evitar que o AVC ocorra ou se repita.