Como funciona o piloto automático do cérebro?
Já pensou em como você dirige sem nem pensar direito? Isso é o seu cérebro realizando atividades em “segundo plano”.
Com certeza você já viveu algum momento em que fez as coisas no automático. Dirigir até em casa sem dar muita atenção ao caminho ou passar pela catraca do ônibus sem nem perceber. Isso é muito comum e todos nós já passamos por essa experiência na vida.
Com o avanço da ciência e da clínica médica, percebeu-se que as pessoas realizam atividades sem colocar toda a sua atenção na ação. É como se a pessoa fizesse aquilo sem estar plenamente consciente. Isso é popularmente chamado de piloto automático.
Em um experimento da Universidade de Cambridge, foram colocadas 28 pessoas no interior de máquinas de ressonância magnética que receberam as orientações para um jogo de cartas. As regras eram deduzidas ao longo da partida, na tentativa e erro.
A tática deu certo. A princípio, os voluntários tiveram que dedicar sua atenção conscientemente para entender quais eram as regras e os padrões do jogo. Nesse momento, a equipe da Universidade detectou padrões cerebrais já conhecidos, que aparecem quando estamos concentrados em aprender algo novo.
Depois de jogar algumas vezes e entender perfeitamente o padrão e as regras, os voluntários ficaram acostumados com o jogo. Assim, os seus cérebros passaram a tratar o jogo como uma atividade de segundo plano permitindo com que a equipe da universidade encontrasse padrões cerebrais condizentes com o piloto automático.
Essas atividades de segundo plano tinham um conjunto de padrões muito semelhante a rede DMN (Default mode network, em português “Rede do modo padrão”). A DMN é conhecida desde 1929, descoberta por Hans Berger, inventor do eletroencefalograma. Ele percebeu que o cérebro de seus examinados continuava ativo mesmo quando eles, em teoria, estavam em repouso sem realizar nenhuma atividade. A sigla ficou conhecida na década de 90, apenas.
O estudo de Cambridge, além de encontrar a origem do piloto automático, descobriu tarefas para a DMN que todo animal, do rato ao ser humano, precisa exercer. As atividades monótonas são de responsabilidade da DMN. Ela mantém o nosso cérebro ligado mesmo quando não há nada que mereça toda a nossa atenção, mas que nos permite fazer as coisas que precisamos. Muito interessante, não é mesmo?