O que é Hidrocefalia de Pressão Normal e como identificar os sinais?
A Hidrocefalia de Pressão Normal (HPN) é uma condição neurológica caracterizada pelo acúmulo anormal do líquido cérebro-espinhal, o líquor, dentro dos ventrículos cerebrais, que são cavidades localizadas no interior do cérebro. Esse acúmulo provoca uma dilatação dessas estruturas e exerce pressão sobre áreas fundamentais do sistema nervoso, comprometendo funções motoras, cognitivas e urinárias.
Apesar do nome, a HPN não se manifesta com aumento evidente da pressão intracraniana nos exames, o que torna seu diagnóstico mais desafiador. Muitas vezes, ela é confundida com doenças neurodegenerativas como o Alzheimer ou o Parkinson, especialmente em pessoas idosas. No entanto, a HPN tem uma particularidade importante: pode ser tratada, e seus sintomas, em muitos casos, revertidos quando identificada precocemente.
A tríade clássica de sintomas
A HPN apresenta um conjunto característico de três sintomas principais:
- Alteração da marcha: os pacientes desenvolvem uma forma de andar com passos curtos, lentos e inseguros, como se estivessem “colados” ao chão. A instabilidade postural é comum, aumentando o risco de quedas.
- Comprometimento cognitivo: há dificuldade de memória, lentidão no raciocínio, perda de atenção e dificuldade de planejamento. Embora semelhante a quadros demenciais, o padrão é geralmente mais leve e mais gradual.
- Urgência urinária: os pacientes relatam uma vontade repentina e frequente de urinar, que pode evoluir para incontinência urinária.
Esses sintomas não precisam aparecer todos ao mesmo tempo, e nem com a mesma intensidade. O mais comum é que a alteração da marcha seja o primeiro sinal visível. Por isso, é fundamental observar mudanças sutis, especialmente em pessoas idosas.
Por que a HPN é confundida com outras doenças?
A similaridade dos sintomas com doenças como Alzheimer e Parkinson leva frequentemente ao subdiagnóstico. No entanto, há diferenças importantes:
- Na HPN, a alteração da marcha aparece precocemente e costuma ser mais evidente que a disfunção cognitiva.
- A resposta ao tratamento é possível, especialmente se iniciado antes que os sintomas avancem.
- A evolução é diferente: o comprometimento da memória é mais leve, e a progressão pode ser interrompida ou revertida.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico da HPN envolve uma avaliação clínica detalhada, com foco na análise da tríade de sintomas, além de exames de imagem como ressonância magnética ou tomografia, que mostram a dilatação dos ventrículos cerebrais. Em alguns casos, testes como a drenagem lombar do líquor são utilizados para avaliar se há melhora clínica temporária após a retirada do líquido, o que reforça a suspeita da HPN.
O tratamento padrão consiste na implantação de uma válvula de derivação, que drena o excesso de líquor do cérebro para outra parte do corpo (geralmente a cavidade abdominal). Quando bem indicada, essa intervenção pode melhorar significativamente os sintomas e restaurar a qualidade de vida do paciente.
Quando suspeitar de HPN?
Se um paciente, especialmente acima dos 60 anos, começa a apresentar alterações na forma de andar, queixas de memória e urgência urinária, é fundamental considerar a possibilidade de HPN e buscar uma avaliação neurológica especializada. O diagnóstico precoce é o principal fator que determina o sucesso do tratamento.